A postagem dessa semana tem como tema o período de entreguerras, aquele que compreende o espaço entre as duas guerras mundiais (óbvio), pois esse período possui acontecimentos importantes que irão repercutir mais a frente desencadeando a segunda guerra, a crise de 29 e a grande depressão de 30. Como base para esse texto foram utilizados Paulo Vizentini e sua obra "História Mundial Contemporânea" que narra bem os acontecimentos da primeira guerra, entreguerras e segunda guerra mundial. o segundo texto é de Fernando Braudel "A Falência da Paz", o autor foi prisioneiro de guerra e trás uma boa reflexão sobre o entreguerras, se realmente houve paz nesse momento apontado como o ponto de inicio dos fascismos, da crise e antecedente a Segunda Guerra Mundial.
Entreguerras, a crise de 29.
Entre as duas guerras mundiais há um período
marcado por diversos conflitos os quais desencadearam os acontecimentos
posteriores, um período marcado por crise e disputa entre as potências mundiais
o declínio da Europa e a ascensão dos Estados Unidos. No qual “O fundamento
econômico-sistêmico da crise foi o efeito das rupturas produzidas pelo
paradigma produtivo fordista, que geraram uma produtividade ampliada, sobre
mercados ainda restritos” (VIZENTINI p.156), a crise de 29 a qual levou muitos
anos para a sua total recuperação. “A violência que acompanhou esse processo e
se estendeu pelo século XX levou o historiador Eric Hobsbawm a denomina-lo de Era dos Extremos.” (VIZENTINI. p.156),
por ser um período marcado pela crise e a desencadeamento de conflitos de ordem
social.
A instabilidade do liberalismo é apontada por
Vizentini como o causador da crise e da guerra posteriores a esse momento, no
qual os Estados Unidos ocupa uma posição privilegiada e a Alemanha se encontra
com problemas assim como outras nações em relação ao tratado de paz
(Versalhes), que além de perdas territoriais também acarretou num nacionalismo
étnico exacerbado. O pós-primeira guerra gerou muitas perdas e ocasionou
conflitos sociais e econômicas e tentativas de contenção revolucionária por
conta das “ameaças” comunistas e o triunfo bolchevique na Rússia.
Entre 1924 e 1929, Braudel aponta que “...
Não houve paz verdadeira, digna desse nome, se não entre 1924 e 1929 quando
muito, portanto, durante breve aurora desses anos de mau tempo persistente.”
(BRAUDEL, p. 1). Pois logo após esse período o mundo viveu uma de suas piores guerras mundiais. Vizentini aponta que
“O período que se estende de 1924 a
1929 ficou conhecido como os anos da
grande ilusão ou falsa prosperidade,
marcados que foram na Europa pela recuperação econômica e pelo relativo
afrouxamento das tensões sociais.” (VIZENTINI, p. 171).
Este período entre guerras foi caracterizado
pela crise do liberalismo que está ligada a uma economia monopolizada enquanto
a parte política e social encontram-se ainda na democracia liberal.
O entre guerras é marcado também pela
ascensão de autoritarismos, mesmo antes da crise de 29, em 1919 na Hungria
(Horty), em 1922 (Mussolini), em 1923 na Espanha (Primo de Rivera) e Turquia
(Kemal Hatatürk) entre outros. Assim como a ascensão dos fascismos a calmaria e
relativa melhora econômica dos países devastados pela guerra, com a indústria
fordista produzindo eletrodomésticos e automóveis desenfreadamente, causou uma
euforia consumista e grande otimismo nessa área, assim como muitos
investimentos na bolsa de valores. Mas após do pronunciamento do presidente Hoover
sobre erradicar a pobreza,
“em 24 de outubro de 1929 ocorria à quebra da
Bolsa de Valores de Nova Iorque, ponto de partida de uma crise econômica
mundial, que na década seguinte se transformaria numa grande depressão do mundo
capitalista. As falências e as demissões atingiram cifras astronômicas nos
Estados Unidos, logo espalhando-se pelos demais países.”(VIZENTINI, p. 174)
A
crise que se formou pela produção exagerada, quebrou a economia da grande
potência que teve na primeira guerra mundial um grande avanço econômico, o
presidente Hoover, que prometera erradicar a pobreza deixou que o próprio
mercado tentasse resolver o problema, que posteriormente se transformou em
recessão e depois na depressão de 1930.
![]() |
Consequência da crise de 29 no Brasil, queima de café. |
Referências:
BRAUDEL, Fernand. A falência da paz: 1918-1939. Conferência pronunciada na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Revista de História, São Paulo, n. 6, 1951.
VISENTINI, P. As disputas com os novos projetos estratégicos (1914-1945). In: VISENTINI, Paulo & PEREIRA, Analúcia. História Mundial Contemporânea. (1776 -1991). Brasília: IBr, 2006.
VISENTINI, P. As disputas com os novos projetos estratégicos (1914-1945). In: VISENTINI, Paulo & PEREIRA, Analúcia. História Mundial Contemporânea. (1776 -1991). Brasília: IBr, 2006.